Oba, oba, desenterra que tá lá!

Texto por: Andréa Terra | Arte por: Natália Lobo

Acharam ganja na panela do povo chinês 

Prestem atenção, terráqueos, porque acharam sementes da nossa querida e “amaldiçoada” ganja na panela do povo Chinês. E, se você ainda está se perguntando “e daí?”, chega mais porque eu vou te passar o papo reto. 

Foi descoberta em 2019 uma tumba preservada por mais de mil anos da Dinastia Tang, uma antiga civilização chinesa, que comprova que a cannabis era um dos cinco alimentos básicos daquela época.

E esta revelação nem é assim tão antiga. Já existem outras descobertas espalhadas por toda a China, datadas por mais de seis mil anos, que evidenciam que a galera daqueles tempos já utilizava a maconha para fins têxteis e alimentícios, além da produção de remédios para estímulo mental e também para fins espirituais e funerários.

Mas a investigação feita há quatro anos, em especial, comprova que no período da Dinastia Tang (618-907) as sementes de maconha eram utilizadas na alimentação: foram encontradas dentro de uma panela junto a outros grãos. Além disso, as sementes eram bem maiores das que conhecemos atualmente, e sua quantidade de THC provavelmente bem menor, o que evidencia que o cultivo de cannabis era especialmente para grãos. 

Estas sementes foram encontradas na tumba do guerreiro Guo Xing, um membro da cavalaria e era um presente para a festa e saúde da vida após a morte dos descendentes que o amavam. “A maconha estava armazenada em uma panela na cama do caixão em meio a outros grãos básicos, como milho. Obviamente, os descendentes de Guo Xing enterraram a cannabis como uma importante cultura alimentar”, disse Jin Guiyun, professor de história da Universidade de Shandong.

Uma das curiosidades desta tumba que mais chamou a atenção foi a ausência de  arroz na tal panela. Embora a região fosse perfeita para o seu plantio, este grão não foi encontrado no interior da tumba, o que abre o pensamento para as possibilidades de que o guerreiro gostava mais do sabor delicado e delicioso das sementes de cânhamo, ou que a cannabis era uma cultura mais importante que o arroz naquela época.

Teorias à parte, e levando em consideração que sabedoria não é inteligência, essa civilização, mesmo que empiricamente, já sabia dos vários benefícios dessa erva santa, só não sabiam das especificidades desta semente. Talvez por isso, há pouco mais de uma década, a China se tornou a maior produtora de cânhamo industrial do mundo. 

Hoje em dia já se sabe que as sementes da cannabis contém entre 20 e 25% de proteínas de alto valor biológico, são de fácil digestão e ricas em aminoácidos essenciais aos humanos, sendo uma excelente fonte de fibra alimentar.

Além disso, a semente de cânhamo é considerada um produto funcional que atua como um probiótico. É também antioxidante, antiinflamatório, neuroprotetor, anti hipertensiva e antiproliferativa. Um verdadeiro super alimento! Deve ser por isso que Guo Xing viveu por 90 anos. Isso mesmo 90 anos!

Se viver 90 anos hoje em dia já não é fácil, imagina naquela época que ainda nem existia antibiótico? Seria essa mais uma evidência que o que entra pela boca é importante na longevidade?

Na China, a cannabis é proibida desde 1950, e a punição para quem usa ou porta maconha é muito rigorosa podendo até chegar a pena de morte. O tempo de proibição tenta encobrir uma história gigantesca de saberes do uso da ganja, mas a verdade é que em uma escavação aqui e uma pintura ali os vestígios acolá sempre se fazem presente. A maconha sempre esteve na vida cotidiana da humanidade.

Com informações de: Ancient Chinese Tomb Shows Evidence Of Cannabis Use – Cannabis (reportwire.org)Ancient Chinese Tomb Shows Evidence Of Cannabis Use – Cannabis (reportwire.org)

Uma revisão do cânhamo como suplemento alimentar e nutricional – PubMed (nih.gov)