SHIVA e o conto da criação da Maconha

Texto por: Hugo Drosera

Imagem por Marcus costa

Por vários séculos, os Vedas (sagrados textos da Índia Antiga) foram passados de geração em geração de Mestre para discípulo através da memorização e repetição oral dos textos, passando a ser registrados em texto entre os anos 1500 a.C. e 500 a.C. Nos mesmos Vedas é possível ler que a Cannabis é uma das 5 plantas sagradas, portanto “naturalmente” inclusa na tradição medicinal e religiosa na Índia desde há pelo menos 3 mil anos.
Uma lenda associada ao texto védico Samudra Manthan conta que os “Devas” e os “Rakshas” – que eram seres antagônicos entre si – tiveram de se unir para agitar o “oceano de leite cósmico” para obter a Amrita (o elixir da vida eterna) mas acabaram gerando também o HalaHala, o veneno capaz de matar tanto devas tanto rakshas. Para protegê-los, Shiva bebe todo o veneno e sua esposa, Parvarti, o segura pela garganta para que ele não engula o veneno e lhe serve o Bhang. O Bhang é uma bebida preparada com leite, cozinhando-se folhas e flores de cannabis maceradas, furtas e especiarias.
Com o chacoalhar do tal oceano cósmico, a Amrita “chove” no mundo e onde as gotas pingaram nascera a cannabis na Terra. Hoje em dia, a cada 12 anos celebra-se o Kumbh Mela, um festival que dura 55 dias e acontece nas 4 cidades onde teria chovido o Amrita após o chacoalhar do oceano cósmico. A Festa do Pote (kumbh) acontece em Prayagraj, Haridwar, Nasik e Ujjain e reúne dezenas de milhões de pessoas, e pode-se testemunhar muitas formas de uso da cannabis pelas ruas, em especial pelos devotos de Shiva na forma do Bhang. Além do uso religioso ligado principalmente à ordens espirituais Shivaístas, é possível encontrar o Bhang em estabelecimentos credenciados pelo governo sendo consumido por trabalhadores após o expediente. Pois, sim, a ganja não é totalmente legalizada na Índia, por incrível que pareça. Ainda assim, todos os anos acontecem celebrações religiosas em reverência a Shiva pela Índia. Em Fevereiro acontece o MahaShivaratri em que milhares de Hindus da Índia e do Nepal encontram-se em Kathmandu próximos ao Templo de Pashupatinath e fazem abertamente o uso da cannabis sagrada na forma do Bhang.
Na Ayurveda – a ciência da Vida, ensinada pelo próprio Shiva de acordo com a tradição hindu – a cannabis é usada para tratamentos intestinais, doenças do trato respiratório, cólicas e como ansiolítico. No entanto, também há evidências em fontes literárias posteriores de que a cannabis foi usada para tratar outras doenças, incluindo epilepsia e asma. O Bhang também é mencionado nos textos do médico Sushruta, um professor de Ayurveda de 2500 anos atrás, que a recomenda como um remédio para catarro, diarreia, bem como uma cura para a febre biliar.
São muitas as lendas que relacionam Shiva à cannanbis. Outra delas também sugere que a divindade, após brigar com a família, foi dormir em sua plantação de ganja. Quando acordou sentiu fome, se alimentou das folhas da cannabis e sentiu-se rejuvenescido. Desde então ele passou a considerar este o seu alimento preferido.
Como é possível perceber, sempre se soube das qualidades medicinais da ganja desde que o mundo é mundo! Ao menos os Hindus já sabem disso há tempos e, se faz bem aos deuses, imagina o que ela pode fazer por nós! Procure se informar sobre os diversos usos da cannabis, sob a forma de alimento e sobre os vários medicamentos naturais que podem ser obtidos, afinal, o conhecimento é sagrado. “Om Namah Shivaya!

GANJALISE-SE!