Engenheiro agrônomo Sérgio Barbosa Ferreira Rocha, fundador e diretor da ADWA Cannabis (Foto: Divulgação)
Engenheiro agrônomo Sérgio Barbosa Ferreira Rocha, fundador e diretor da ADWA Cannabis (Foto: Divulgação)

Minas Gerais: Forte Potência Canábica do Brasil

Essa matéria é em memória à Guilherme Campos, advogado ativista que foi crucial para esse texto e, infelizmente, nos deixou muito cedo.

Minas Gerais é um estado muito conhecido pela sua natureza, sua bela vista e, surpreendendo alguns, a cultura canabica local rica.

De acordo com a Kaya Mind, Minas é o terceiro estado com maior número de prescrições de cannabis e está entre os que tem mais associações de pacientes, alguns deles são a AMA+ME (Belo Horizonte), associação Acolham (Viçosa) e Tijucanna (Ituiutaba).

Recentemente, Minas foi palco para o LabPop, iniciativa do gabinete da Deputada Estadual Andréia de Jesus (PT-MG), para contribuições na construção coletiva que busca franquear o acesso de produtos de cannabis no SUS.

Todo esse movimento foi construído pela Deputada e Guilherme Campos, ativista da Marcha da Maconha, advogado antiproibicionista e abolucionista. O LabPop, Laboratório Popular Para a Regulamentação da Cannabis Medicinal em MG, tem como objetivo conseguir reunir o máximo de acúmulo propositivo para construir uma lei que atendesse as mais variadas demandas que envolvem a Cannabis de forma terapêutica.

O laboratório popular contou com a participação dos coletivos de Marchas da Maconha de Minas, associações, pacientes e famíliares. Essa união resultou na PL 399/2023, protocolada em Março desse ano. Guilherme Campos disse: “Estamos bem esperançosos de conseguirmos aprovar a PL 399 e conseguirmos decisões com repercussão geral tanto no STJ, quanto no STF.”

Nos dias 26, 27 e 28 de abril aconteceu também o 1° Congresso de Psicologia e Cannabis em Belo Horizonte. Essa iniciativa foi realizada pelo CRP-MG (Conselho Regional de Psicologia – Minas Gerais) e PsicoCannabis. Ao longo dos três dias foram realizadas conferências, intervenções, mesas, oficinas, minicursos e rodas de prosa que pautaram a relação da maconha com a ciência, psicologia, redução de danos, outras medicinas naturais, racismo estrutural, psicanálise, arte e afins.

Nas terras do pão de queijo, a comunicadora e fitoterapeuta Nanda Amado realiza pesquisas, atendimento e educação popular com a saúde da mulher ligado a Cannabis através do seu projeto Fito Bem Te Vi , que busca falar da medicina endocanabinoide, ginecologia e fitoterápicos.

Ainda pensando no medicinal, temos a instrutora de yoga e influencer canabica mineira Camila Lopes , que junta maconha com yoga em seu projeto chamado AnanjaYoga onde, em breve, atenderá pacientes que fazem acompanhamento médico. O projeto nasce em Belo Horizonte e o objetivo é trazer mais consciência sobre a planta e sobre si.

Já adentrando o mundo da Arte, Eu e Ana Helena Carrijo temos nosso projeto Maconharte, cujo objetivo é levar a informação sobre maconha em locais que o assunto “cannabis” é menos discutido, como as periferias.

Nas terras mineiras, a revolução canabica também se torna presente com a StartUp ADWA Cannabis – a ADWA tem uma plantação na Universidade federal de Viçosa (UFV), trabalhando com o foco no melhoramento genético, desenvolvendo variedades da planta adaptadas as variações de climas que temos no Brasil, mais resistentes a pragas e doenças, tornando elas mais produtivas.

Para escrever essa matéria, contei com a ajuda da ADWA Cannabis, que foi bastante solícita em apoiar.

“Minas tem boas perspectivas (para ascender no meio canabico), somos um estado com uma população grande e consequentemente temos uma demanda por produtos, entretanto ainda estamos atrasados em questão a legislação, olhando nesse sentido administrativo, ainda estamos atrasados mas temos um potencial de sermos um estado forte no mercado.” – ADWA Cannabis

Sobre eventos canabicos, a ADWA Cannabis ressalta: “o estado precisa de mais eventos. Anos atrás realizamos e queremos voltar a realizar esse ano, o grande problema é a falta de recurso financeiro, RJ e SP sabemos que circula muita grana, tudo que é novo acaba circulando muito nessas capitais até por conta dos investidores, então o que já é difícil, como um evento canabico, acaba ficando muito mais difícil.”

Minha opinião, como autora, sempre foi um pouco controversa: pesquisei a comunidade canábica mineira por meses e diversas vezes me encontrei lidando com opiniões como “não existe uma cena canabica em Minas”. Minha vivência como maconheira mineira sempre me disse ao contrário, e graças a amizade que formei com a Revista Ganja, posso afirmar: a comunidade canábica de MG é extremamente rica. E devemos falar mais sobre isso!

O intuito dessa matéria não é só provar minha tese ou somente divulgar projetos canábicos do estado, mas também emprestar os meus olhos para verem Minas como eu vejo: uma das maiores potências canábicas do nosso país. Temos a faca e o queijo na mão, só falta a goiabada.